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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

O Meu Algarve

 

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Oh mar, oh sol, oh noites transparentes,
Campos a burbulhar a seiva que os invade,
Horizontes sem mancha, alvoradas ardentes,
Olhos frescos de amor ensinando a saudade,
Eu amo a vossa cor, o vosso brilho forte,
A fecunda alegria que de vós se evapora;
Detesto a palidez que cobre os céus do norte,
Onde a Cor se desbota e onde a Luz se descora.
Frio encanto polar das montanhas geladas,
Com um sinistro alvor de sepulcral luar,
Alva graça mortal das campinas nevadas,
Que a natureza fez para o cinzel imitar:
O vosso encanto é um encanto de morte,
Vossa beleza é a paralisação:
Oh arte glacial das regiões do norte
Não fazes palpitar jamais o coração!

João Lúcio, (O Meu Algarve, 1905)
(Olhão, 4 de julho de 1880 - 26 de outubro de 1918)

Mosaico fotográfico criado pela página RUMO AO SUL

Tudo em si mesmo se inicia...

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Tudo em si mesmo se inicia e em si termina
ou não.

Talvez o nada seja o tudo que o ser em si não aparenta.

Cada coisa para ser, deve ter
a exacta medida na devida proporção
mas também poderá ser
um mistério em busca do significado,
ou uma equação com o resultado
em si próprio já impresso.

Vasto, vasto é o universo
e mesmo nessa vasta vastidão sem idade,
ele não passa do big-bang de um verso
explodindo no reverso
da sua própria singularidade.

Miguel Afonso Andersen, no livro "Da Volúpia, os sinais"
(Ferragudo\Portimão)

Fotografia - Via-Láctea sobre a praia do Pintadinho - Ferragudo (Algarve), da autoria de Leos Photos

 

Rio Arade (canção)

 

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Rio Arade vem correndo
Entre serras e pomares
E aos poucos lá vai morrendo
No regaço destes mares.

.
Ao chegar aos areais
Traz muitos segredos mouros
Dessas moças fidagais
De olhos que são tesouros.

.
Traz histórias do castelo
E de mouras encantadas
Traz delas o seu apelo
E paixões aprisionadas.

.
Traz dos poetas o verso
Das musas de tempos idos
Relembrando o reverso
Desses corações feridos.

.
Como o rumo deste vento
Como farol ao luar
Tenho a força e alento
Para todas libertar.

.
Eu irei, sou sonhador,
Numa barca remarei
Pelo rio e com fulgor
Ao palácio chegarei.

.
Dessas prisioneiras belas
Serei o libertador
Abrirei as suas celas
Por artes e por amor.

.
Abaixo pelo Arade
A este mar voltarei
Com musas, ouro e jade
Este sonho viverei.

.
Fernando Reis Luís
(Monchique)
.
Pintura do Rio Arade, de Paul Jean Clays 1849