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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

Faro - Lenda de São Tomás de Aquino

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A peste deflagrava por toda a Europa, uma coisa nunca vista, muitas pessoas padeciam, o medo da doença atormentava o povo de Faro, o qual pediu a São Tomás de Aquino para não deixar entrar a peste em Faro.
Oraram, oraram e São Tomás de Aquino fez o milagre, a peste não entrou nas portas da cidade. Em retribuição do milagre, Dom Francisco Gomes de Avelar, antigo bispo de Faro, mandou fazer uma imagem a Itália de mármore branco de cascara, e pediu para ser colocada no nicho no Arco da Vila.
Naquele altura não havia máquinas elevatórias, nem nenhum tipo de mecanismos para içar a imagem, vários homens a tentaram içar mas sem sucesso, era de tal modo, pesada, que nem todos os homens da vila a conseguiam içar.
Seguiram-se, dias, semanas e meses, e não havia ninguém que conseguisse içar a imagem até ao nicho. E, foi então pedido o auxílio de Dom Francisco Gomes de Avelar que foi até ao local, e disse um segredo a São Tomás de Aquino, ao ouvido, até hoje ninguém sabe o que foi dito.
O que é certo é que conseguiram içar a imagem, a qual ficou de tal maneira leve que até pensaram que anjos a ergueram até ao nicho.

https://blogmouraencantada.wordpress.com/tag/lendas-de-faro/

Lenda da Moura de Pêra

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Numa povoação perto de Pêra, existe uma horta que tem um tanque e uma nora. Perto desse tanque estão enterrados, objetos muito valiosos. Conta-se, que naquele mesmo lugar, há muito tempo, um rei mouro encantou em forma de serpente uma filha sua e deixou como guarda dessa serpente um carneiro. Segundo as pessoas daquela zona, a causa do rei ter encantado a sua filha na forma de serpente, foi o facto de ela se ter negado a casar com um senhor mais idoso do que ela, que, segundo consta, era irmão do seu pai, ou seja, era seu tio. O rei mouro ficou muito desgostoso da filha não lhe ter obedecido e, depois de a ter encantado na forma de serpente, lançou -lhe um encanto para que ela ficasse naquela forma de serpente até que uma pessoa se lembrasse de apanhar um rouxinol que, fosse cantar, na noite da véspera de S. João, na árvore que se encontrava em frente ao tanque. Desde esse encantamento da moura, tem cantado, segundo os habitantes, um rouxinol nas árvores que estão em frente à horta.
Diz-se que o tio da moura encantada é o tal carneiro que a guarda e o rouxinol é o namorado preferido pela moura. Logo no início, muitos rapazes tentaram apanhar o dito rouxinol, mas hoje em dia já ninguém acredita muito nesta história, dizem que nunca mais souberam nada da moura, mas que, no entanto, as pessoas ainda temem que essa moura apareça um dia.

Fonte Biblio AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a
(adaptado)
(Através de Raul Alvito)

Arte - Caetano Ramalho
(Portimão)


Tempo da Lenda das Amendoeiras

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Romance da princesa
Do país dos gelos que
Em terras de moirama
Suspirava contado
Em louvor da fantasia
Dum povo que
Nasce vive e morre
Entre o céu e a água.
(...)

A Princesa

Ai portas do meu silêncio.
Ai vidros da minha voz.
Ai cristais da minha ausência
da terra dos meus avós
desatavam-se em soluços
os seus cabelos desfeitos.
(...)

O Rei

Dizei-me magos oragos
anões duendes profetas
adivinhos e jograis
sagas videntes poetas
como hei de secar o pranto
daqueles olhos de rio
como hei de calar os ais
daquela boca de estio
como hei de quebrar o encanto
que numa tarde de pedra
talhada pela tristeza
selou com dedos de chumbo
o sorriso da princesa
que suspira pela neve
da ponta do fim do mundo.

Ary dos Santos, em "Tempo da Lenda das Amendoeiras", Lisboa, 1964.

Mosaico fotográfico de flores de amendoeira, da autoria de Filipe da Palma

Algumas Quadras Populares de poetas algarvios

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.
Ora loira, ora morena,
tanto te mudas, te pintas
que talvez te valha a pena
um marido “troca tintas”.

António Santos

...
Ó alcachofra, Deus queira,
Por amor de nós, os dois,
Que tu morras na fogueira
E ressuscites depois.

Emiliano da Costa

...
Quem me dera ver-te doido
- Duvidas ?... Pois é assim –
Quem dera ver-te doido,
Mas doido de amor por mim.

Maria de Marim Marques

..
Nas voltas tontas do mundo
Mais tonta coisa não vi,
Tu, tonta, à roda dum mastro,
E eu, à roda de ti!...

Armando de Miranda

...
Eu sei que gostas de mim,
Embora digas que não:
A boca nem sempre diz
O que sente o coração.

Isidoro Pires

Ilustração: Mosaico fotográfico elaborado com fotografias de Pedro Cabeçadas
(Faro)

 

Os algarvios

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"Os algarvios orgulham-se do seu carácter informal, simpático e acolhedor, recebendo bem os forasteiros e adaptando-se de forma positiva às mudanças que trouxe o crescimento do turismo nas últimas décadas.

Por tradição ligados ao mar, muitos dos algarvios continuam a dedicar-se a actividades de pesca, e beneficiando até das actividades mais voltadas para as áreas de serviços da maior parte dos seus conterrâneos. As diferenças de mentalidades são mais visíveis entre o litoral, modernizado pela intensa actividade turística, e o interior, onde se preservam ainda tradições centenárias, seja na agricultura, no artesanato, na gastronomia ou na arquitectura."

Fonte: http://www.portugal-live.com/pt/portugal/algarve/povo.html

Mosaico fotográfico de Filipe da Palma
 
 

XARÉM

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Mais conhecido no Algarve como Papas de Milho, tem a acompanhá-lo as ameijoas, as conquilhas, o berbigão, o toucinho frito e o chouriço.
Marca única da cozinha regional algarvia, pode ainda ser acompanhado de sardinhas.
É a combinação perfeita de um produto serrenho (milho) com os frutos do mar.
Simples de confecionar:

XARÉM DE CONQUILHAS

Ingredientes:
Amêijoas - 1kg
Toucinho - 100gr
Chouriço - 100gr
Presunto - 100gr
Farinha de Milho - 200gr
Vinho Branco - 100ml
Pimenta - A gosto
Sal - A gosto

Instruções:
Coloque as amêijoas numa tigela em água fria para retirar as impurezas.
Quanto as amêijoas tiverem boas, retire-as da água e coza-as num tacho cobertas de água por uns 8 a 10 minutos.
Corte o presunto, o toucinho e o chouriço em tiras ou rodelas fininhas e frite em lume brando.
Retire as amêijoas da panela e escorra, por um passador fino o caldo da cozedura.
Retire o miolo das amêijoas e ponha-as num tacho, junto com o caldo da cozedura já coado.
Junte o vinho, deixando ferver um pouco.
Peneira a farinha de milho para uma taça de forma a soltá-la mais.
Retira o tacho do lume e adicione a farinha de milho, mexendo até ficar bem misturada.
Leve o tacho de volta ao lume para cozer a farinha, mexendo de tempos em tempos.
Retifique os temperos, junte as carnes e sirva bem quente!
 
 

Lenda : A Fonte Coberta (Lagos)

 

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Em um sítio chamado a Fonte Coberta, nas proximidades de Lagos, existe encantado um mouro ou uma moura. Em certa ocasião foi uma pobre mulher buscar água à fonte, e ao afastar-se viu duas esteiras com belos figos secos a enxugar ao sol.
No Algarve há por assim dizer duas diversas exposições de figos:
uma por ocasião de seca geral, e é quando o figo, apanhado já muito maduro, pincre, lhe chamam os algarvios, é conservado ao sol até secar de todo, e capaz de entrar nas tulhas de cana ou gamão, onde é acalcado e conservado; a outra, para consumo da família, sendo previamente lavado e posto ao sol a enxugar.
Não pôde a pobre mulher resistir ao desejo de lançar mão a alguns figos e apanhou cinco. A certa distância reparou que era seguida de uma criancinha a chorar, chamando pela mãe.
Perguntou a mulher à criança por que razão chorava, a criança porém em vez de dar qualquer resposta chorava cada vez mais.
Comoveu-se ela, e na suposição de que a criança tinha fome, meteu a mão nos bolsos e tirou dois figos para lhe dar. Qual não foi o seu espanto quando em lugar do figos se encontrou com cincos peças de ouro!... Nesse mesmo momento a criança desapareceu, aparecendo em seu lugar um homem trigueiro, vestido ao modo dos malteses, de barrete vermelho e com um varapau na mão.
Atemorizou-se a mulher do súbito aparecimento do homem; este, porém, respondeu-lhe:
— Bruta, que não soubeste aproveitar-te dos figos, podendo apanhar os que quisesses!
E ao mesmo tempo que disse estas palavras também desapareceu.
Em outra ocasião passou junto da mesma fonte uma tendeira, chamada Mariana, e viu próximo uma criancinha de barrete encarnado. A tendeira ficou naturalmente surpreendida e atemorizada, porque já a esse tempo ouvira dizer que ali apareciam mouros encantados.
A criancinha, porém, sem fazer reparo na surpresa da tendeira, aproximou-se-lhe e disse:
— Dou-te uma boa porção de feijões, se me prometeres não os distribuíres por outras pessoas.
E ao mesmo tempo mostrou-lhe uma boa porção de feijão branco.
A mulher prometeu à criança cumprir a condição e encheu uma alcofa do referido legume.
Mais adiante encontrou ela um homem e pediu-lhe com muitas instâncias que lhe desse os feijões, que levava consigo. Respondeu-lhe a mulher que lhos não podia dar, pois os recebera com a condição de os não distribuir por ninguém. Impôs-se-lhe o homem dizendo que a criança era seu filho, e que este lhe oferecera os feijões sem a sua autorização. A mulher abriu a alcofa e ficou admirada de encontrar os feijões substituídos por belos pintos antigos de prata.
O homem disse-lhe:
— Não te aconselharam a que não desses a ninguém os feijões?...
Quando a mulher ia a dar a resposta, já não viu o homem: tinha desaparecido como o fumo.
Estes dois casos e muitos outros andam na memória de toda a gente que reside próximo da fonte. Os velhos contam-nos por os ter ouvido contar aos seus avós, e estes aos seus avoengos. Como em muitas outras lendas de mouras encantadas, desconhece-se a razão por que ali se encontram encantados os tristes mouros.
Estes contos são sempre ouvidos com o profundo respeito de quem assiste à narração de um milagre autêntico.

http://www.lendarium.org/narrative/a-fonte-coberta/?category=14

lustração - postal ilustrado: secagem de figos no Algarve