Abandonei as coisas efémeras
Abandonei as coisas efémeras
para me dedicar ao nosso amor
e todas as coisas são efémeras
comparadas com o nosso amor.
Apenas a poesia não trairei,
não posso abandoná-la -
ela não é uma coisa, é um dom
enraizado no chão da fala.
Só a morte nos pode separar.
Mas a morte não existe, é passagem,
abre implacável o mar desta viagem
lembrando que tudo é pó ou nada.
Abandonei a relva do caminho
e às duas entrego o meu destino.
para me dedicar ao nosso amor
e todas as coisas são efémeras
comparadas com o nosso amor.
Apenas a poesia não trairei,
não posso abandoná-la -
ela não é uma coisa, é um dom
enraizado no chão da fala.
Só a morte nos pode separar.
Mas a morte não existe, é passagem,
abre implacável o mar desta viagem
lembrando que tudo é pó ou nada.
Abandonei a relva do caminho
e às duas entrego o meu destino.
Casimiro de Brito, em " Amar a Vida Inteira"
(Loulé - Algarve, 14 de janeiro de 1938)
Arte - Clara Andrade
(Portimão)