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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

Amar as palavras

 

Amar as palavras
é inventar o vento
através da noite
em pleno dia

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Se desapareço
grão por entre grãos
é porque deus adormece
como um astro imóvel
polvilhado de pólen

Onde estiver serei
o sono do amor
num claro jardim
e como se estivesse morto
as ervas hão de romper
das minhas unhas verdes
e a minha boca terá
a ébria frescura
da plenitude do espaço

António Ramos Rosa, em "Numa Folha"
(Faro, 17 de outubro de 1924 – Lisboa, 23 de setembro de 2013)

Fotografia de Pedro Cabeçadas
(Faro)