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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

Ao Sul. "Algar seco"

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O mar ressoa, como pelas mesquitas,
O vento, a voz das águas, a oração
Nesses versos de espuma, do Corão,
Para que eu sinta no peito a lassidão
De arcadas tão perfeitas, tão benditas.
O vento abranda e escuta, silencioso,
O murmurar em paz, como um devoto,
E as gaivotas ignoram rumo ignoto…
Vêm pousar nas escarpas, voo e gozo;
Sacerdotisas nesse branco, as penas
Cujo piar ecoa nostalgia…
Para que o sol, no azul por onde ardia,
Volte a brilhar, sagrando a melodia.
Sobre as águas em, breve, mais serenas

Pelas grutas, chora o mar um triste choro
Da moira que está presa num feitiço,
Que o amor lhe pôs, no peito, o reboliço
De amar moço cristão… e é, por isso,
Que o som do mar ao sul é um tesouro.
A noite cai, derrama pelas janelas
Os raios de prata, dos etéreos limos,
E somos nós, poetas, que fingimos…"


Manuel Neto Dos Santos
(Poeta, actor e declamador, tutor de língua portuguesa, nasceu em Alcantarilha (Silves) a 21 de Janeiro de 1959)

Fotografia - Algar Seco - Carvoeiro