Canto XVIII
Amor, o tempo voa no vendaval
no ciclone dos minutos e eu cercado
pela memória do dia em que afinal
nasceu esse sonho, tão ansiado.
O tempo voa amor e assim voando
transforma o sonho na bela sinfonia
onde, a flauta mágica do amor tocando,
me embriaga na memória desse dia.
O tempo voa amor e em cada voo
o sonho revive, alastra, avança
e eu, nestes versos em que me dou,
aguardo, na ilusória esperança,
que o teu tempo seja coincidente
no desejo, na memória, no espaço
com aquele que, no sonho ardente,
espera da realidade, o terno abraço.
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Miguel Afonso Andersen, no livro "Circum-Navegações" (Raiz perturbada)
(Ferragudo)
Fotografia de Jorge Florêncio
Senhora Da Rocha