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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

Canto XXII

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Como se cada uma destas palavras fosse afinal,
da despedida, uma vela de adeus desfraldada.

Um ritual. Um rasto. Um sinal.

O morse secreto da mensagem cifrada
de um tempo de aventura, de sonho. Da navegação
encetada na baía do teu sorriso mágico,
na sinfónica presença dos teus olhos. Da ilusão
breve do belo, do etéreo, do fantástico.

Como se cada uma destas palavras fosse enfim,
um cristal de lágrima, um pássaro de fogo. Uma viagem
de febre, de delírio, de frenesim
pela loucura do sonho impossível. A voragem
do desejo insaciado. Mil ousadias.

Tatuagem multicolor no teu corpo prematuro.
A memória, o reflexo, a senha e o rumor dos dias
passados, parados, sem presente e sem futuro.
 

Miguel Afonso Andersen, no livro "Circum-Navegações" (Raiz perturbada)

Fotografia - Quarteira por Pedro Cabeçadas
(Faro)