Chama-me!
Chama-me! E eu logo acudo.
O encantamento da luz,
No quase-nada que é tudo;
A nora sem alcatruz.
O açude que é regaço,
Inverno sem albornoz
Da alcova negra que faço
Para o descanso da voz.
No alforge sobre o ombro
De quem não tem algibeira
Mas a riqueza do assombro
De alvíssaras… a vida inteira.
Chama-me! E eu logo falo
No timbre de um chafariz;
Sou triste, de tão feliz,
Moço do gado; zagalo.
Manuel Neto dos Santos, do livro "Sulino"
(Alcantarilha)
Fotografia do Açude da ribeira do Castelo, Paderne