Cheiros da Serra (Monchique)
O sol na serra cheira a alecrim,
A rosmaninho, urze e azinheira.
Ribeira rega o chão como jardim
E nos vales perdura a laranjeira.
A flor da esteva cobre a ribanceira,
Que namora o sol-pôr, em luz carmim.
Todo o caminho trepa na ladeira,
Que mais parece ir ter ao céu sem fim.
É sobe e desce nessa aragem pura
A que as flores silvestres dão frescura
E no chão um tapete colorido.
A sombra incerta, rala, do arvoredo
Talvez do calor guarde algum segredo
Pra ocultar ser ali o Éden perdido.
Tito Olívio (FARO)
Fotografia da Serra de Monchique por Isaura Almeida