Dançando com as barcas
Agarro todos os sons libertos das marés
E rumo ao sul
Guiado pelo sol e pelo fado
Aceito o sopro de todos os ventos
Nas asas da minha nau
E do meu corpo embalado
Na liberdade das aves marinhas
Que são donas de todos os mares
E das atalaias
De todos os portos ancoradouros
Como se fossem sons de uma guitarra
Dedilho o cordame dos mastros
E com a música misturada no vento
Faço as voláteis manhãs
Como fazem as gaivotas
Dançando
Com as barcas
E as velas de lona
Desfaço as mágoas que trago como lastro
E assim resisto
Às rotas contrárias
Mutando os açoites das ventanias
No bronze salgado
Que me faz o rosto
Fernando Reis Luís
(Monchique)
Fotografia - Quarteira por José Manuel Guerreiro