E havia a casa
E havia a casa
onde, para além do fogo sagrado da tribo,
se guardavam os afetos possíveis
e o azul sereno e límpido do teu olhar.
A casa ainda lá está,
despovoada,
caiada
pelo acre e ocre das sombras de árvores antigas,
impregnada
pelo odor bafiento de todos os silêncios.
Almanxar, açoteia dos frutos secos da infância,
barrica da salga do peixe e da sobrevivência,
convés e beliche de traineira cravada no afeto.
Tempo desse tempo que com o tempo se esvai,
porque mais do que um tecto,
a minha casa foste tu, pai.
.
Miguel Afonso Andersen
(Ferragudo - Algarve)
Fotografia de Ferragudo - Lagoa
onde, para além do fogo sagrado da tribo,
se guardavam os afetos possíveis
e o azul sereno e límpido do teu olhar.
A casa ainda lá está,
despovoada,
caiada
pelo acre e ocre das sombras de árvores antigas,
impregnada
pelo odor bafiento de todos os silêncios.
Almanxar, açoteia dos frutos secos da infância,
barrica da salga do peixe e da sobrevivência,
convés e beliche de traineira cravada no afeto.
Tempo desse tempo que com o tempo se esvai,
porque mais do que um tecto,
a minha casa foste tu, pai.
.
Miguel Afonso Andersen
(Ferragudo - Algarve)
Fotografia de Ferragudo - Lagoa