Escrever
Escrever, é talvez uma forma de resistir.
Uma maneira do poeta dizer não
ao galope do tempo,
ao cilício da mágoa,
à acidez corrosiva do medo.
Escrever, é também uma viagem
uma descoberta dentro de nós.
Uma demanda.
O cruzar do tempo com o modo
na inútil busca da significação da vida.
Escrever, pode até ser uma auto-flagelação,
um chicote de palavras indomáveis,
uma vergasta de rimas dissonantes,
uma chibata de sílabas agrestes
a tecerem na pele
o óbvio itinerário do sofrimento.
Escrever, pode até ser uma forma de amar,
secreta e tamanha. Discreta e estranha.
Uma espera tardia pela cousa amada.
(a espera de quem já não espera nada).
Escrever,
até pode acontecer
por uma outra razão, por um outro motivo.
como a do poeta se convencer
que escrevendo se mantém vivo.
Miguel Afonso Andersen, em “Tríptico de Vozes”
(Portimão)
Uma maneira do poeta dizer não
ao galope do tempo,
ao cilício da mágoa,
à acidez corrosiva do medo.
Escrever, é também uma viagem
uma descoberta dentro de nós.
Uma demanda.
O cruzar do tempo com o modo
na inútil busca da significação da vida.
Escrever, pode até ser uma auto-flagelação,
um chicote de palavras indomáveis,
uma vergasta de rimas dissonantes,
uma chibata de sílabas agrestes
a tecerem na pele
o óbvio itinerário do sofrimento.
Escrever, pode até ser uma forma de amar,
secreta e tamanha. Discreta e estranha.
Uma espera tardia pela cousa amada.
(a espera de quem já não espera nada).
Escrever,
até pode acontecer
por uma outra razão, por um outro motivo.
como a do poeta se convencer
que escrevendo se mantém vivo.
Miguel Afonso Andersen, em “Tríptico de Vozes”
(Portimão)