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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

Estou vivo e escrevo sol

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Eu escrevo versos ao meio-dia

e a morte ao sol é uma cabeleira

que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo

Estou vivo e escrevo sol



Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam

no vazio fresco

é porque aboli todas as mentiras

e não sou mais que este momento puro

a coincidência perfeita

no acto de escrever e sol



A vertigem única da verdade em riste

a nulidade de todas as próximas paragens

navego para o cimo

tombo na claridade simples

e os objectos atiram suas faces

e na minha língua o sol trepida



Melhor que beber vinho é mais claro

ser no olhar o próprio olhar

a maravilha é este espaço aberto

a rua

um grito

a grande toalha do silêncio verde



António Ramos Rosa

Fotografia de Jorge Florêncio