Faz-se o poema… fazendo
Faz-se o poema… fazendo.
Frase a frase, no seu ritmo, no seu incógnito rumo;
De fogo ou de fumo…
Na descoberta do livre movimento na forma de um registo aceso.
Que haja quem o leve, leve, sem peso.
Faz-se o poema despertando-o do sono em que dormia;
No corpo do campo da incerteza e desafio,
Um fio que se desata, afiando a imagem e a sua melodia.
Faz-se o poema como vulto embrionário pronto para saltar
A terreiro para o mundo, à luz do dia avinagrado;
Faz-se o poema na careta da folha, de um a outro lado,
Que venha o leitor e escolha…
Mel? O dia.
Manuel Neto dos Santos
(Alcantarilha)
Fotografia de Henrique André