Há um tempo ...
Há um tempo que o próprio tempo apaga
e, nele, toda, toda a memória se esvai
o fogo da paixão não arde, só afaga
como o planar da folha seca que cai.
No corpo, os sinos não tocam a rebate,
o imperioso deixou de ser urgente
e no peito, agora, já o coração bate
ao leve e lento ritmo de antigamente.
Do tempo passado apenas guardo
lembranças que o sonho me consente,
a paixão é chama onde já não ardo
e o futuro é este rumor do presente.
e, nele, toda, toda a memória se esvai
o fogo da paixão não arde, só afaga
como o planar da folha seca que cai.
No corpo, os sinos não tocam a rebate,
o imperioso deixou de ser urgente
e no peito, agora, já o coração bate
ao leve e lento ritmo de antigamente.
Do tempo passado apenas guardo
lembranças que o sonho me consente,
a paixão é chama onde já não ardo
e o futuro é este rumor do presente.
Miguel Afonso Andersen, em "Circum-Navegações" (Raiz perturbada ou a navegação do amor)
(Ferragudo\Portimão)
Fotografia - Euridice Cristo
(Olhão