Ilha
Onde encontrar-te
ó mítica. Mística ilha do redondo azul
a sempre, sempre mais além
a sempre mais ao Sul
de tudo, na deriva entre o algures
e o nenhures.
Ilha. Não o espaço físico.
Materialmente determinável. Circunscrito e assinalável.
Círculo vermelho no mapa de todas a viagens por fazer.
Xiz de giz na ardósia poeirenta da vida por viver.
Sim Ilha. Mas uma outra coisa.
Talvez um sentimento. Um estado de graça
ou de exaltação. Sedimento. Sublimação.
A côncava forma de um afago.
Um remanso. Talvez abrigo, talvez útero. Outro.
Ilha.
Enseada metafísica onde ancorar a nau
e pousar o seu desiludido cavername.
Praia branca e leve
onde apaziguar o espírito primitivo da caça
e da demanda.
Palmeiral aconchegado e curvo
onde meditar e descobrir a significação da vida.
Ilha. Esta.
Minha porção terna rodeada de mágoa.
Minha açoteia de alvura.
Meu voo acabrunhado. Minha loucura.
Ilha. Viagem
em verso, inversa e íntima. Circuito
e roteiro de mim.
Minha miragem,
sem fim.
Miguel Afonso Andersen
(Portimão)
ó mítica. Mística ilha do redondo azul
a sempre, sempre mais além
a sempre mais ao Sul
de tudo, na deriva entre o algures
e o nenhures.
Ilha. Não o espaço físico.
Materialmente determinável. Circunscrito e assinalável.
Círculo vermelho no mapa de todas a viagens por fazer.
Xiz de giz na ardósia poeirenta da vida por viver.
Sim Ilha. Mas uma outra coisa.
Talvez um sentimento. Um estado de graça
ou de exaltação. Sedimento. Sublimação.
A côncava forma de um afago.
Um remanso. Talvez abrigo, talvez útero. Outro.
Ilha.
Enseada metafísica onde ancorar a nau
e pousar o seu desiludido cavername.
Praia branca e leve
onde apaziguar o espírito primitivo da caça
e da demanda.
Palmeiral aconchegado e curvo
onde meditar e descobrir a significação da vida.
Ilha. Esta.
Minha porção terna rodeada de mágoa.
Minha açoteia de alvura.
Meu voo acabrunhado. Minha loucura.
Ilha. Viagem
em verso, inversa e íntima. Circuito
e roteiro de mim.
Minha miragem,
sem fim.
Miguel Afonso Andersen
(Portimão)