Morrer
Morrer
na sua essência
deveria ser
não uma fuga, mas uma desistência.
Derradeira viagem sem drama,
sem angustia, rituais, ais e choro.
Um breve sopro, um leve apagar da chama.
um lento desmaio, como algo que se derrama.
Tudo muito calmo, muito asséptico e indolor.
Uma ausência.
Um adiantado
estado
de sonolência.
Morrer deveria ser
muito naturalmente
um descer
ao útero da terra, calmamente.
Um ir sem se dar nota de que se parte.
Um aroma de rosas, um tema de Mozart.
Morrer deveria ser
assim como rodar um botão, click e zás;
algum sono, muito silencioso, imensa paz.
na sua essência
deveria ser
não uma fuga, mas uma desistência.
Derradeira viagem sem drama,
sem angustia, rituais, ais e choro.
Um breve sopro, um leve apagar da chama.
um lento desmaio, como algo que se derrama.
Tudo muito calmo, muito asséptico e indolor.
Uma ausência.
Um adiantado
estado
de sonolência.
Morrer deveria ser
muito naturalmente
um descer
ao útero da terra, calmamente.
Um ir sem se dar nota de que se parte.
Um aroma de rosas, um tema de Mozart.
Morrer deveria ser
assim como rodar um botão, click e zás;
algum sono, muito silencioso, imensa paz.
Miguel Afonso Andersen, em "Tríptico de Vozes"
(Porimão)
Fotografia de Euridice Cristo
(Olhão)