Na rota das gaivotas
Na rota das gaivotas há linhas cruzadas
nos voos bisados da proa à popa
Há um frémito incessante
Há gritos estridentes
no lançar e recolher das redes…
são homens são aves
unidos no parto do mar esventrado
cegos de espuma e de sal
longa é a espera…
dobram-se corpos preces promessas
e a água ensopa o coração das aves
e escorre das penas dos homens
num instante tudo muda
e pinta-se o mar de luar
mergulham gaivotas a pique
trazendo no bico a fartura...
- quanta exúvia cintila
no rasto da traineira -
morre por fim a angústia à beira-mar
e no olhar dos homens e das aves
o alvorecer do retorno
e a paz da saciedade
- na praia a lota a repartir
pelas bocas esfaimadas
de quantas marés fracassadas
Josefa Lima, no livro “Na Rota das Gaivotas”
Fotografia de Jorge Florêncio
nos voos bisados da proa à popa
Há um frémito incessante
Há gritos estridentes
no lançar e recolher das redes…
são homens são aves
unidos no parto do mar esventrado
cegos de espuma e de sal
longa é a espera…
dobram-se corpos preces promessas
e a água ensopa o coração das aves
e escorre das penas dos homens
num instante tudo muda
e pinta-se o mar de luar
mergulham gaivotas a pique
trazendo no bico a fartura...
- quanta exúvia cintila
no rasto da traineira -
morre por fim a angústia à beira-mar
e no olhar dos homens e das aves
o alvorecer do retorno
e a paz da saciedade
- na praia a lota a repartir
pelas bocas esfaimadas
de quantas marés fracassadas
Josefa Lima, no livro “Na Rota das Gaivotas”
Fotografia de Jorge Florêncio