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RUMO AO SUL

RUMO AO SUL

O poema eras tu!

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Tinha o odor terroso do estio africano,
o rumor matinal do dia a levantar voo
e trazia um rio de luz
a transbordar as margens do sorriso.

Era assim, deslumbrante, o poema.
Sussurrante, tocou-me no ombro:

Venho assim sem rima
em verso branco, quase nu.

Parei. Olhei. Com assombro
e espanto vi. O poema eras tu!

.
Miguel Afonso Andersen, no livro "Circum-Navegações"

Fotografia - Lagoa (Algarve), por Jorge Manso