O vermelho que me pedes
Dizes que te falta o vermelho e eu não sei
porque te não chegam todas as cores que te dei...
Num dia de tempestade quando o sol se pós à espreita
encontrei o arco-íris e roubei-lhe o violeta
Ficaste da cor da nobreza, do mistério e da sedução
E por um instante tão breve alegraste-me o coração
Mas não chegando uma cor, na manhã primaveril
Estiquei-me mais um pouco e alcancei... o azul e o anil
Com esse trio de cores eras um crepúsculo encantado
Mas com olhos tristes pedias-me o encarnado
E eu à espera que o Sol brilhasse sobre as gotas do meu suor
Para poder roubar as cores uma a uma e provar-te o meu amor
Escalei à mais alta montanha quando um raio de luz rompeu
E apanhei o verde para a cor dos olhos teus
Verdes mas tão sem brilho os teus olhos a pedir
“Preciso do vermelho, tão certo como o sentir!”
E eu não sei o que querias, tu, tão linda, sentir
se era tanto o que eu sentia só por te colorir
Dou-te o sol que é amarelo e o laranja, que é mais quente
Dou-te o mundo inteiro, amor,
Dou-te o meu amor ardente
O vermelho que me pedes, é cor que não é real
É tão breve, tão efémera, dura tão pouco afinal
“É sangue a correr nas veias, é cereja, é rosa flor,
É paixão o que me falta, é o ar, é o amor!”
Poema e fotografias de Eurídice Cristo (Olhão)