Palavras
Palavras não ditas esquecem amores
E laços tecidos com algas do mar.
Só ficam lembranças daquele lugar
No eco da noite faminta de alvores.
Sucumbem no céu os reflexos das cores
Que doiram ocasos de tom singular.
Os sonhos tecidos na luz do luar
Parecem jardins suplicando mil flores.
Palavras de amor: coração que palpita
No peito onde a alma, com sede, se agita
Na chama do corpo que acende e não arde.
Se chegam na nuvem pesada e sombria,
Trazendo vislumbres da hora tardia,
Talvez o destino lhes diga que é tarde…
Glória Marreiros
(Monchique)
Fotografia - Carvoeiro por Vitor Pina