Pão
Minha mãe amassa a vida,
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa o dia,
No alguidar, sobre o banco,
E do forno da alegria
O pão loiro sai tão branco.
Minha mãe amassa o ar,
Duma leveza infinita
Quando fica a levedar,
A massa inteira levita.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o verde
Duma seara de trigo
Vais matar-me fome e sede,
Alentejo, eu te bendigo!”
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa o dia,
No alguidar, sobre o banco,
E do forno da alegria
O pão loiro sai tão branco.
Minha mãe amassa o ar,
Duma leveza infinita
Quando fica a levedar,
A massa inteira levita.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o verde
Duma seara de trigo
Vais matar-me fome e sede,
Alentejo, eu te bendigo!”
António Simões
(Naturalidade: Beringel, concelho e distrito de Beja
Nasceu a 29 de novembro de 1934. Licenciou-se, pela Universidade de Coimbra, em Filologia Germânica.)