Pensando, pensando
Havia uma luz estampada no teto,
Fenómeno estranho, mas muito completo.
E eu via um olho fixado em mim,
Tirando-me o sono, como um vigilante.
Fosse eu rei mago ou cavaleiro andante,
Julgava ser anjo ou um Serafim;
Ou fada madrinha fazendo um sinal;
Podia ser ovni ou astro perdido,
Uma alma penada sem luz nem sentido;
A nada, porém, aquele olho era igual.
Meus Deus! Que seria? Pensava, sem sono.
Imóvel, a mancha luzia no escuro,
Colada no teto, qual figo maduro,
De rabo entre as pernas como um cão sem dono.
E eu, que só vivo de amor e de paz,
Pensando, pensando, de todo incapaz.
Faro, 24-01-2016
Tito Olívio
Fotografia de Pedro Cabeçadas
(Faro)