Pés na Terra
Fiquei preso nos aros dum abraço,
Na forja dum fogacho sem ter lume.
Nem sempre é preciso ir ao cume
Pra atar o mundo todo em nosso laço.
A vista, lá de cima, perde o traço
E o ar da tarde fria tem perfume.
Se quero ver se o mar me dá cardume,
Não vou subir ao alto, lá no espaço.
Pensar, tal como sente o coração,
É dar salto sem asas do avião,
Que o chão é duro e parte-se o nariz.
É bom ter pés na terra e olho aberto
E pôr o nosso barco em rumo certo
Pra termos fim de vida mais feliz.
Faro, 02-12-2016
Tito Olívio
Fotografia da página Portimão, Você Está Aqui