Poema Livre
Sou livre. Não faço sonetos com rimas.
Escrevo, somente, o que sinto no peito.
Já pus fim às regras. E sem preconceito
desfiz exigências sem ter de usar limas.
A livre poesia me lembra as vindimas,
onde há moças lindas, cantando a seu jeito,
depondo em canastras o fruto perfeito,
que apenas suplica doçura de climas.
Bastou-me a doutrina que vai na distância,
com marcas deixadas por toda a infância
e restos de medos, no fundo, submersos.
Tirei as algemas. Escrevo sem lei
palavras plebeias, opostas ao rei,
sem métrica ou rima a cingir os meus versos
Glória Marreiros
(Monchique)
Fotografia de Martyna Mazurek
(Faro)