Poente...
Eis aqui à nossa mão o poente
onde a terra se alonga e se conforma
na costura do mar e o vento
é a crença do Infante dando forma
ao desejo de partir e navegar.
Gare marítima do adeus sem regresso
porque partir, mar, vir e amar
são rimas, irmãs gémeas desse verso.
Sacro promontório onde suspendi
o ferro da língua na tua boca entreaberta,
ninfa, nereide deste mar, eis me aqui
para no teu corpo iniciar a descoberta.
E se nas salsas ondas do meu rosto
vires, furtiva, rolar uma gota de sal
não a tomes por lágrima de desgosto
(fruto que não se colhe nesta idade)
é apenas o clarão, é apenas o sinal
de que aqui se cumpriu a felicidade.
onde a terra se alonga e se conforma
na costura do mar e o vento
é a crença do Infante dando forma
ao desejo de partir e navegar.
Gare marítima do adeus sem regresso
porque partir, mar, vir e amar
são rimas, irmãs gémeas desse verso.
Sacro promontório onde suspendi
o ferro da língua na tua boca entreaberta,
ninfa, nereide deste mar, eis me aqui
para no teu corpo iniciar a descoberta.
E se nas salsas ondas do meu rosto
vires, furtiva, rolar uma gota de sal
não a tomes por lágrima de desgosto
(fruto que não se colhe nesta idade)
é apenas o clarão, é apenas o sinal
de que aqui se cumpriu a felicidade.
Miguel Afonso Andersen, no livro "Circum-Navegações" (Raiz perturbada ou a navegação do amor)
(Ferragudo - Portimão)
Fotografia de Sagres retirada do Google
Fotografia de Sagres retirada do Google