Saboreio deliciado a poesia
Saboreio deliciado
a poesia inata do silencio
em cada quase manhã que me acontece.
No murmúrio mudo da ondulação
em constante e esverdeado vaivém,
no canto surdo das aves
no rebuliço ziguezagueante do seu voo,
na serena placidez do instante
pressentida no ar manso e rarefeito que se respira,
até que o dia se inventa
e se manifesta inteiro no burburinho cacofónico
do quotidiano das coisas vulgares e comezinhas.
Miguel Afonso Andersen, no livro "Mar de Dentro"
Fotografia de Isaura Almeida