Saudades do Alentejo
Saudades, tenho saudades
Do meu canto alentejano
Evocando a mocidade
O recordo todo o ano.
O pão quente, no panal
Saidinho da fornada
Eu comendo-o no quintal
Sentia-me regalada.
As sopas de beldroegas
Fumegavam na panela
Os meus irmãos nas refregas
E eu ao lume, de vela.
Os grilos tinham cantado
Toda a manhã soalheira
Da toca com ar encantado
Eu ficava sempre à beira.
Pela tarde, bafo quente
Vindo de lá do montado
Antecipando o Poente
Ficava o céu encarnado
As migas com entrecosto
Iam no tarro de cortiça
Comidinhas, ao solposto
Naquele cerro que enfeitiça
.
Maria Vitória Afonso, "Contos e vivências do sudoeste alentejano" Ed. Colibri, Lisboa
Cartaz elaborado pela página RUMO AO SUL
https://www.facebook.com/rumoaonossosul/