Se eu pudesse..
Se eu pudesse dizer tudo o que sinto,
se eu pudesse fazer tudo o que sonho,
se eu pudesse ser eu como me julgo,
se eu pudesse ser eu sem me embuçar...
Se eu pudesse afirmar tudo o que penso,
se ninguém me impedisse do que quero,
se pudesse obter o que desejo,
se pudesse esperar tudo o que espero...
Se eu pudesse ajudar a quem me ajuda,
se eu pudesse viver, mas sem pensar
que me devo a deveres de compromisso...
Se eu pudesse ser só o que me sonho,
talvez fosse feliz, talvez não fosse,
já que a vida afinal não passa disso.
Joaquim Magalhães, em “Pretérito Imperfeito”
(Porto a 3 de maio de 1909\Faro, 16 de outubro de 1999)
Arte - Clara Andrade
(Portimão)
(Portimão)