Selvagem como um deus
Selvagem como um deus…
Estou perante tudo
Como uma rocha,
Como o musgo;
Na férrea e sedosa vestimenta
De sonhos que ainda não são meus.
*
Sou o intervalo entre dois silêncios;
Com passo certo
Para a música
Das esferas paralelas.
Sustido e sustenido,
Suspeito do rumor
Que se esconde em todas elas.
Batendo sobre a praia do meu rosto,
A maresia suave da aragem
Traz- me uma memória,
Que não quero ter, nem sentir…
Os grãos do que antes fui
Ganham novas formas, sendo os mesmos,
Duna que se ergue e que se desfaz
Na permanência da coragem.
Manuel Neto Dos Santos
(Alcantarilha)