Ondas que descansam no seu gesto nupcial abrem-se caem amorosamente sobre os próprios lábios e a areia... António Ramos Rosa Fotografia de Isaura almeida
Se é clara a luz desta vermelha margem é porque dela se ergue uma figura nua e o silêncio é recente e todavia antigo enquanto se penteia na sombra da folhagem. Que longe é ver tão (...)
Escuto na palavra a festa do silêncio. Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. As coisas vacilam tão próximas de si mesmas. Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas. (...)
Talvez ninguém procure o fundo de si mesmo ou porque não existe ou porque é inacessivel A palavra não revela apenas anuncia ou apenas pressente um espaço sem caminho uma asa (...)
Dou-te um nome de água para que cresças no silêncio. António Ramos Rosa, em "Estou vivo e Escrevo Sol" (1966) (Faro, 17 de outubro de 1924 – Lisboa, 23 de setembro de 2013) (...)
Oscilante geometria tranquila presença suficiente do ínfimo e do amplo No centro do tempo não há tempo Tranquilidade para ir ao encontro de Estou dentro estou aberto habito um limpo (...)
Eu escrevo versos ao meio-dia e a morte ao sol é uma cabeleira que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo Estou vivo e escrevo sol Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam no vazio fresco
Não tenho lágrimas estou mais baixo junto à cal Vejo o solo extinto Não oiço ninguém e não regresso Adormecer talvez junto a uma estaca com uma pequena pedra sobre as pálpebras An (...)
Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade. Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital. Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta Estou contigo na (...)
O nosso olhar não tem fronteiras ou estações não é uma arma que dispara um tiro imediatamente o espaço é a inocência do seu dom ao sol e na sombra a sua projecção imperceptível (...)
Tudo será construído no silêncio, pela força do silêncio.Tudo será construído no silêncio, pela força do silêncio, mas o pilar mais forte da construção será uma palavra. Tão (...)