Subitamente regresso ao chão da infância, à velha casa na serra deitada. Essa casa que todos os dias abre a sua brancura aos braços do sol, ao céu para sempre azul. E parece o mesmo ess (...)
Peço a paz e o silêncio A paz dos frutos e a música de suas sementes abertas ao vento Peço a paz e meus pulsos traçam na chuva um rosto e um pão Peço a paz silenciosamente a paz a (...)
Amo-te. Amo amar-te. Ontem foste cascata, hoje és torrente, amanhã quem sabe? Talvez um rio. Um rio paciente? Exaltado? Amo amar-te e nunca sei quantos somos nesta cama: sinto a terra, (...)
Anda, vem sentar-te comigo nesta falésia, anda ver o mar sentados devagar sob a copa deste pinheiro como se não houvesse mais espaço para preencher. Anda, vem ouvir a nuvem (...)
O que faço melhor é contemplar e contemplo mal — o cristal dos meus olhos está cansado e o sopro matinal que tanto prazer me deu desprende-se já do corpo que julguei meu. Pouco a (...)
Só a mente cósmica, solidários do lume, nos une. Só ela em todas as coisas permanece. Inclinas a cabeça, não suportas o conhecimento. A súmula permanência da morte incandescência (...)
Frente ao mar meu corpo ardente e nu de marinheiro pelo sangue. Fervem-me nas veias um milhão de ondas em repouso. Em meus olhos cativos e saudosos — imagem da minha solidão imensa — (...)
Árido corpo nas pedras deitado na magra substância da terra deitado lavrado — um corpo longo uma pura construção de formas absolutas — movimento circular sempre recomeçado: mar (...)
Meus pensamentos são nómadas e vagarosos como a água que vem da montanha e não sabe nada do coração dos homens. O meu, por exemplo, tem a leveza do vento e corre para casa como (...)
Se o teu ouvido se fechou à minha boca poderei escrever ainda poemas de amor? A arte de amar não me serve para nada. Um fogo em luz transformado. Subitamente, a sombra. Há dias (...)