Mar de dentro, a aparente tranquilidade deste tempo, desta idade, na conjugação do ser e do sentir. Mar de dentro, mar metafísico do devir nesta latente serenidade que não sendo ainda luz por (...)
Tango. Tango-te. Tangas-me. Os corpos alados suados na cadencia dos passos excitados enlaçados na volúpia brava do desejo limitados no curto laço dos braços e da promessa dum beijo. A (...)
Quem sabe o que pensam os homens na crista das ondas de um tempo esquecido sem o astrolábio que os leve a bom porto… Josefa Lima, no livro “Confluências” (Vila Real de Santo (...)
Vai até à sombra da paz e do conforto A fragrância das flores; Rubras papoilas (Lábios de efebos, que não de moçoilas), Frescura dos prados, Fresquidão do horto. Manuel Neto dos (...)
Amo-te. Amo amar-te. Ontem foste cascata, hoje és torrente, amanhã quem sabe? Talvez um rio. Um rio paciente? Exaltado? Amo amar-te e nunca sei quantos somos nesta cama: sinto a terra, (...)
Anda, vem sentar-te comigo nesta falésia, anda ver o mar sentados devagar sob a copa deste pinheiro como se não houvesse mais espaço para preencher. Anda, vem ouvir a nuvem (...)
O interior da existência de um homem é o oceano mais profundo que possamos navegar; navegar, por dentro de um rumor constante, sob a mestria da lua, para que a melancolia nos surja como (...)
Sempre as palavras só as palavras, esses corcéis de vento e espuma velozes como um açoite, moldáveis como barro duras como granito, no trote marcado na fímbria e no grito (...)
Subitamente regresso ao chão da infância, à velha casa na serra deitada. Essa casa que todos os dias abre a sua brancura aos braços do sol, ao céu para sempre azul. E parece o mesmo ess (...)
Estou de partida E eu, aventureira, Que desejo tanto esta evasão De repente… Paro e sou, somente, Dúvida, medo, hesitação. A terra inteira Se estende à minha frente ! Sonhei partir, E (...)
Flutuar. Apenas e só flutuar. Flutuar sem outra preocupação que não essa. A de flutuar. Em puro abandono, manter o dorso à flor da espuma e do sal, paralelo ao curso irregular (...)
Frente ao mar meu corpo ardente e nu de marinheiro pelo sangue. Fervem-me nas veias um milhão de ondas em repouso. Em meus olhos cativos e saudosos — imagem da minha solidão imensa — (...)
No orvalho dos mastros desta nau Teço uma teia de seda fina E na sua geometria radial Filha dos cavaleiros das águas Faço as asas do vento migrante Na luz do quarto minguante do luar (...)
Deixo habitar, em mim, toda a paisagem; Entra pela pele nervos, pelas artérias E põe nuances, vagas e etéreas Para a descoberta, a breve cabotagem. E eu sou o que contemplo, a vastidão (...)
Que mais somos do que pó e desejo, reflexo baço dos sonhos por cumprir? Hálito frio dos dias derrotados na luta contra o esmeril do tempo que nos gasta lentamente. Que mais somos (...)
Ó mar salgado. quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quanos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses (...)